Lados opostos

Ela queria ir para a esquerda. Ele, para a direita.


Discutiam, ficavam em silêncio, balbuciavam, e voltavam a brigar. Na visão dele, o direito era melhor, ficava mais fácil ir pelo caminho reto, “o traçado mais perto entre dois pontos”, por quê ir pela esquerda? Aquele caminho sinuoso? Da esquerda só se esperava o caos e a bagunça, a esquerda podia ser maior, mas não tinha a organização do caminho da direita: sempre havia gente demais, barulho demais, reclamação, e turbas.

Ele, para ela, andava em círculos. A direita era chata e previsível, reta, sem prazeres curvilíneos, sem surpresa. Na direita, o oráculo sempre sabia o próximo passo. Talvez ele fosse o oráculo, talvez não, era isso que lhe dava curiosidade de saber quem era ele realmente. Ela até que gostava do jeito politicamente correto dele, mas o mistério... ah o mistério... era o que realmente a atraía.

No fim das contas, os caminhos levavam ao mesmo objetivo, mesmo que sinuosos ou retos, terminavam na mesma floresta.

Mas que caminho seguir? Já que nenhum dos dois estava errado, eram amantes, sim,mas eram suspeitáveis. Mesmo que ela fosse para a direita, e ele, para a esquerda, nunca seriam os lados certos. Cada um foi para seu lado, sem nem mesmo olhar apara trás.

Talvez, por isso, não chegassem a lugar nenhum...

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