Se anular em benefício do próximo

O senador estadual americano Roy Ashburn me fez pensar bastante em valores cristãos e também aqui na nossa putrefata política. Republicano, concedeu entrevista há poucas semanas à Kern AM, da conservadora Inga Barks. O político, dono de um histórico maciço de votações contra direitos dos homossexuais, evitou falar de sua vida pessoal. Porém, pai de quatro filhos, aproveitou a ocasião para (pasme!) assumir sua homossexualidade (!).
Como um cidadão gay vota contra os direitos dos homossexuais? Foi a pergunta para a qual não consegui encontrar resposta. Deixo a palavra portanto com o próprio senador: "Em meu coração eu acreditava que o fato de ser gay não poderia nem deveria afetar minha maneira de trabalhar." Um bom sujeito com um brilhante pensamento, que efetivamente colocava em prática a sabedoria de não levar questões de casa para o trabalho e/ou vice-versa.
Tão fácil falar, mas tão difícil fazer.
Mas não para por aí, eis o golpe fulminante de Ashburn, que afirmou votar de acordo com o que acreditava ser a vontade da maioria de seus eleitores: “sempre pensei que minha lealdade estava com meus eleitores”. Pena que é lá nos Estados Unidos.
O que pensam os governantes daqui? Como podem nos tratar com tanta indiferença? A sociedade brasileira é, em grande parte, religiosa e carismática. Entretanto todo mundo sabe a fama que muitos de nós levamos lá para fora, do espertinho que quer levar vantagem em tudo. Dizer-se cristão e do lado do bem é rótulo fácil para ser bem aceito e visto na sociedade. Quantos desses furam fila, desrespeitam um faxineiro, falam palavrões, debocham dos mais fracos e humilham os humildes? Aos finais de semana, é impossível para alguns moradores vizinhos de igrejas evangélicas saírem ou entrarem em suas casas com seus carros porque os dois lados da via transformam-se em estacionamentos particulares. Não adianta colocar placa pedindo por favor para não estacionar, eles estacionam (inclusive sob a calçada) e somem. Se a gente pede com educação um espaço, respondem com grosseria que a rua é pública e que não vão sair. Passageiros do transporte coletivo têm de esperar os ônibus no meio da rua. Já presenciei até mesmo motorista avançando sinal, estacionando na faixa de pedestres e buzinando para as pessoas saírem da frente, tudo isso apenas cinco minutos depois de o irmão sair da balada, digo, do culto. Eles bem que poderiam seguir o exemplo do senador gay americano. Pensar mais nos outros do que em si mesmos. Se não me falha a memória era mais ou menos essa a mensagem do Jesus. Prefiro ouvir o som do Frejat “[...] e com os que erram feio e bastante, que você consiga ser tolerante.”
Já dizia aquele filósofo: ética é o que fazemos quando ninguém está olhando.
Altruísta, ético, coerente (embora também contraditório), mais cristão do que muitos poderiam imaginar.

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Vence no último dia do presente mês a inscrição para o 12º Prêmio Literário Escritor Universitário “Alceu amoroso Lima” (Tristão de Ataíde). A ABL, em parceria com o CIEE, escolheu como tema “Qual a importância de Rachel de Queiroz para a literatura brasileira? Leia mais em www.ciee.org.br e participe!

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Na cerimônia de assinatura, o então presidente Harry Truman (“how tru you tru?”) esclareceu aos presentes que aquela era uma ocasião histórica. Selava-se ali o primeiro passo para a construção de um bloco uno, fraterno e defensor da “paz”. O tratado previa ainda união tal entre seus signatários, que agredir qualquer um de seus membros, por menor que fosse, seria considerado agressão a todos os demais. A resposta... veio seis anos depois com a criação do Pacto de Varsóvia, na sempre enfraquecida Polônia.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos buscaram alianças que pudessem ampliar seu campo de influência no combate aos ideais comunistas encabeçados pela temida União Soviética. E para isso, criaram a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN, em 1949, nesta data, seis de abril.

Um comentário:

  1. Que pessoa culta, meu Deus... agora, aquilo que você chamou de se anular em função dos outros eu chamaria de hipocrisia para ganhar votos, embora achasse o resto do argumento legalzinho...bjnhos

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