eDUCASSÃO & jUSTIÇA

Dedico nesta semana algumas linhas à bola da vez. Fiquei revoltado com o caso da bendita “estudante” (será mesmo?) lá de São Bernardo. À medida que novos fatos foram acontecendo, mudei um pouco de opinião mas em essência ainda defendo convicto que a digníssima pode não ser puta, mas comportou-se como tal. Fico com pena do baixo nível intelectual dos "universitários" fazedores de algazarra. Essa nobre senhorita também se veste com tamanha vulgaridade ao ir à igreja, ao trabalhar, num velório ou numa entrevista? A Infeliz aluna fez por merecer os insultos. Cabe ressaltar que quem participou da baderna não eram alunos e sim trogloditas imbecis. Faculdade é lugar de estudar, que desrespeito à figura do professor! Toda mulher tem o direito de se sentir bonita e desejada usando as roupas que preferir, entretanto falo mesmo em nome da moral e dos "bons costumes" que ela errou. Se é baladeira, tem corpinho malhadinho porque faz a academia da moda ou é promíscua, ninguém tem nada com isso mas tenho o direito de me indignar com o fato de ela escolher uma instituição de ensino para exibir esse tipo de "qualificação". Quer mostrar que é gostosa? Vai pra rua! Por mais que sejamos ateus, sabemos que igreja é lugar de moderação e respeito, se vamos a um velório o procedimento é o mesmo em respeito ao falecido. Para cada situação há, além da vestimenta adequada, uma série de outros comportamentos desejáveis e reconhecidos socialmente como corretos. Por que o descaso com o professor? Ele não merece respeito? Na sala de aula vale tudo?

Geisy tem razão quando questiona a faculdade não ter barrado sua entrada, uma vez que sua roupa fosse inadequada. A “Unitaliban” (adorei!), como agora é conhecida demonstrou despreparo para lidar com a polêmica e optou pelo mais fácil: culpar e punir a vítima. E os monstros flagrados nas tantas imagens participando da santa inquisição ficaram impunes? A Instituição soltou uma nota nos jornais onde afirma que os alunos se exaltaram “em defesa do ambiente escolar” Cretinice! Então um bando de bobocas aparvalhados a gritar palavrões, jogar papéis, subir nas paredes para tentar filmar a menina na sala é defender o ambiente escolar? Belo ambiente! Outra bola fora: culpou a menina por ter feito um percurso maior que o habitual, aumentando sua exposição. Geisy se defende argumentando que o primeiro banheiro para o qual se dirigiu estava em obras e, portanto, fechado. A faculdade calou-se.

A nota afirma ainda que a aluna teria sido advertida várias vezes quanto ao uso de roupas inadequadas, pergunta-se: ela recebeu advertências por escrito? Se não, juridicamente a faculdade se lasca mais ainda ao sustentar uma afirmação que não pode provar. A Uniban acusa Geisy de contribuir com o tumulto e posar para fotos. A jovem de vinte anos, indignada, responde furiosa: “é mentira! Quem tiver qualquer foto minha onde estou posando que as mostre!” Está tudo na Folha de domingo.

Revogar a decisão e permitir que Geisy voltasse às aulas foi a gota d’água que revelou como seu conselho acadêmico é atrapalhado e incapaz de solucionar conflitos de forma sensata, civilizada e, acima de tudo, justa. Tenho minhas dúvidas se os professores dos cursos de psicologia, pedagogia e filosofia foram ouvidos. Creio que ela não volte mais às aulas naquela instituição, vai precisar de seguranças, vai chamar atenção, o trauma está criado. Viram a repercussão dos fatos, apavoraram-se quando o MEC* os convidou a dar explicações, perderam o fôlego com a abertura de inquérito policial, ficaram com medo de perder uma grana no processo movido contra ela (alguém duvida de que esse processo pode passar dos 300 mil chutando baixo?) e, claro, recuaram. Geisy, apesar de traumatizada, deve estar feliz: entrevista no Fantástico, entrevista no Domingo Espetacular, capa dos jornais, não me admira se for a próxima BBB. Expulsar foi demais, agora uma coisa é certa. Falta respeito ao ambiente e às instituições. A esculhambação no Brasil é generalizada. Alguém entra de minissaia num tribunal? Alguém já moveu um processo contra a própria justiça, que proíbe um humilde trabalhador do campo de entrar numa audiência vestindo bermuda, chinelos e uma camisa velha e rasgada, as únicas roupas que ele tem, em nome do respeito à Justiça, para ouvir a sentença de absolvição do rapaz de classe média alta que atropelou e matou seus cinco filhos ao dirigir embriagado? Quase um ano depois de eleito, um prefeito é flagrado recebendo propina e nega mesmo diante do repórter afirmar ter as imagens! Você acredita nisso? O advogado do prefeito alega que “na verdade” era uma dívida que o prefeito estava cobrando. O empresário extorquido afirma que jamais tivera qualquer dívida com o prefeito, cujo advogado nunca é encontrado para falar, pois é: justiça envergonha. Não vamos fazer nada? Tem aquele outro que atropelou cinco pessoas e matou duas, recusou-se a fazer exame de sangue para medir a dosagem alcoólica no sangue pois alegou safada e malandramente ter medo de agulha, devem ter jogado os bafômetros fora...

*MEC: outro que inopera! O órgão suspendeu o pedido de explicações feito à universidade pela expulsão da aluna. Na fraude do ENADE, em que a polícia encontrou caixas de provas sendo transportadas sem lacre, nada fez. Inep, Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular e Sindicato das Mantenedoras de São Paulo foram deixados falando sozinhos. Em Brasília, um aluno saiu do local da prova levando consigo o caderno de questões passados quinze minutos do início do exame. Equipado com um megafone, leu para os demais que ainda estavam em sala as respostas.

E para descontrair, diz que um engenheiro lá da hidrelétrica precisou sair mais cedo pois era aniversário de casamento e tinha um jantar com a mulher, que não parava de dar chilique porque ele nunca lembrava de datas. Ao sair, bastante apressado, disse ao estagiário: “quando sair, apaga tudo”

Deu no que deu.

Sejam felizes.

2 comentários:

  1. "...a digníssima pode não ser puta, mas comportou-se como tal."

    Não se comportou como puta, e essa afirmação foi incrivelmente infeliz. Se ela se comportou como puta, o Brasil é a pátria-puta, com seus carnavais, programas televisivos e as praias. Todas putas. Ela foi vulgar, mas se você acha que usar uma roupa curtíssima faz uma mulher puta, você precisa visitar alguns prostíbulos pra aprender um pouco mais sobre a vida.

    De resto, o texto é cheio de contradição. Um abraço.

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  2. Obrigado pelo comentário! Acredito que faculdade não é lugar de exibir corpinho bonito. Quando eu for professor e alguém entrar na minha aula mostrando as partes, gentilmente convidarei a sair e voltar outro dia. Que os hábitos mudem e a sociedade seja mais liberal, tudo bem. Entretanto, alguns costumes vindos lá de trás ainda merecem ser respeitados. Peço respeito pelo professor.
    Sim você está com razão, carnaval é putaria "do bem", transgressão travestida de diversão e alegria. Uma mulher pode ser extremamente sensual sem apelar pra roupas curtas, a maneira mais fácil de atrair os olhares dos brucutus, digo homens, loucos apenas por sexo. Eis tudo. Espero sua opinião na próxima semana.

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