Trecho de Conto - Entre as Brumas

Hoje teremos algo diferente aqui no blog, uma composição minha que ainda não está pronta.
Comecei este conto após uma viagem, eu e um amigo discutíamos sobre um morro que estávamos olhando: era um lugar estranho, coberto pela névoa, íngreme demais para uma pessoa subir sem  o equipamento devido. Chegamos à conclusão de que o morro era habitado por gigantes que haviam ensinado à humanidade a arte da música, depois, decepcionados com o que os humanos se transformaram, eles decidiram abandoná-los, até que se tornaram monstros caçados por "bravos heróis". Era algo assim.
Este pedaço do conto é o que foi transformado a partir da ideia original. Espero que gostem...ainda estou trabalhando nele, mas gostaria de dividi-lo com vocês.


1. Círculo dos Sonhos


Fracos, os raios de sol nasciam entre as nuvens e sumiam antes de tocar o chão. Uma densa camada de Névoa surgira nas montanhas e formava grandes anéis em torno de seus picos, serpenteava entre as árvores e cascateava na cordilheira.

O círculo de pedras era imperceptível para quem não estivesse procurando. De longe a formação do lado leste da floresta, que terminava em um penhasco, parecia artificial. Quase vinte metros de raio formados por pedras variadas, algumas não existiam na região. O que só confirmava a teoria que o local fora criado por terceiros e não pela natureza através do tempo.

Ainda assim o círculo guardava uma aura onírica que trazia paz a quem se aproximava. Ao seu redor a floresta era mais viva, carregava um cheiro forte de mata virgem. O ar era mais leve, os animais espertos e fortes. A relva parecia um tapete esmeralda, úmida devido ao sereno. Em meio à tundra se destacava mesmo no Choref, a mais fria das estações.

O Drömma era um local sagrado para os senoi, criado muito antes de qualquer império humano ou titânico. Antes mesmo da existência dos elfos, ou das primeiras referências aos syrians – os filhos da noite, o Círculo dos Sonhos já recebia visitantes anualmente. Mesmo que o próprio conceito de tempo ainda não estivesse definido.

Aquela era uma raça esquecida há muitos anos. Nas lendas eram conhecidos como trolls e retratados como monstros desprezíveis que devoravam bebês. Na realidade os senoi eram um povo pacífico que nunca construíra armas e preferia se afastar sempre que uma ameaça pairava sobre eles.

Passos barulhentos ecoaram entre as árvores, mas nenhum animal fugiu do que estava vindo pela mata. A maioria olhou com admiração para os mais antigos seres de Nordara. Feras maiores, como lobos e ursos, curvaram discretamente as cabeças, um sinal de respeito pelos viajantes.

O precursor era um humanoide alto, cujos cabelos assemelhavam-se a fios de cobre trançados entre folhas e carvão. A pele avermelhada, de pedra, com sulcos nem um pouco discretos em sua extensão. Usava roupas pesadas, feitas de peles de animais, não levava armas nas mãos, mas uma caixa de madeira.

Mais trolls vieram por caminhos diversos. Seres muito velhos, alguns com pele cinzenta ou azulada, outros castanhos ou pretos, brancos e azuis, os mais raros eram os marrons, que também eram os maiores, só havia um vermelho, Erion, o precursor. A maioria usava o mesmo tipo de roupa que ele, peles de animais e adornos feitos com restos da natureza.

Foram se organizando ao lado das pedras mais semelhantes a si mesmos. Apesar de todos parecerem velhos, o líder vermelho se destacava pelas camadas negras em cima de sua pele e por uma paciência que só os mais idosos são capazes de transmitir. Havia mais pedras de sua cor, mas não havia trolls para elas. Há muito as pedras vermelhas foram abandonadas por seus donos. Ele passou por um senoi jovem, cujo peito continha um buraco onde era possível ver um ninho vazio.

– Zyon…

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