Estive em Trancoso, foda-se.

Me mandaram corrigir uma poesia, só que ninguém foi avisado que poesias são incorrigíveis.


É esse o grande problema da soma de regras para um mundo sem regras, que se perde em abraços fraternais sem esperança alguma no futuro. É lá, no futuro, que ecoam palavras há muito dias; estas, por sua vez, mortas.

Mortas antes de nascer. Mortas antes de serem ditas. Ditadas. Nas carteiras, nas lousas, nos cadernos, as palavras se perdem, acabam por chafurdar na merda da teoria. Gramática, nada mais que regra.

Regra sem sentido. Regra morta. Regra quebrada. Miríade. Estilhaço. Pedaço, Fração.

É só isso

Podia ser, mas não é. Línguas quentes roçam, validam promessas de amor.

Promete. Sabe? Prometem sem nada dizer.

Eu, como um monstro do circo voador, chafurdo também em regras arianas de palavras puras. Nunca cheguei a gostar, morro. Moro, morto, morou?

Se eu for viajar, provavelmente, será comigo mesmo. Não vou sozinho. Vou comigo, levando na bagagem, amigo. Será que vou? Melhor ficar. Mas, se ficar, quem vai tirar as fotos?

Vou sim. Se me pedirem pra ficar, não fico. Se me pedirem uns postais, baixo na internet e digo que comprei, coloco até um adesivo “Estive em Trancoso, foda-se”

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