Dias da Peste


Vai aí uma dica rápida para quem curte cyberpunk e Ficção: Dias da Peste, do Fábio Fernandes.
O que eu sei dele? O cara é tradutor (o “Fundação” novo é tradução dele!) e jornalista, manda bem pra cacete e escreveu uma ficção pra lá de interessante.
“Dias da Peste” é um livro de linguagem normal, mas que tende a cair um pouco para o lado dos aficionados em computação. Isto não te atrapalha em nada, já que a maioria dos termos é explicada logo sem seguida dele ser comentado.
O livro flui muito bem. Nada é exagerado ou ridículo. E o protagonista soa extremamente brasileiro e real. Na verdade, em algumas partes, você tem plena certeza que ele existe.
O protagonista, Artur, na minha sincera opinião, nada mais é que o próprio autor, encarando os receios de uma nova e bizarra tecnologia. Isso é ruim? Não, por que o livro é convincente, calmo e envolvente. Confesso que larguei o “Código da Vinci” na página 50 por que comecei a ler o Dias da Peste; uma das minhas melhores trocas este ano.
Pra compensar a troca do carro, que foi uma besteira sem tamanho…
O cenário é o Rio de Janeiro, mais ou menos na nossa época, e vai até um futuro não muito distante. Detalhe para as diversas referências à cultura pop, literatura e informática (com uma rápida homenagem à colega Adriana Amaral).
Enfim, não dá pra contar muito do livro sem estragar a surpresa. Por quê? Ora, por que cada capítulo é permeado por um mistério que vai se resolvendo ao longo do livro. E, infelizmente, isto acontece no terceiro e último capítulo, deixando-nos malucos por uma continuação.
Entretanto, uma das maiores sacadas do livro é seu problema: as notas de rodapé. Elas, pelo que se entende, são feitas pelas máquinas, os computadores, que, muitas vezes, não possuem a finesse de entender conceitos humanos como “mão de vaca” ou “se fodeu de verde e amarelo”.
Isso é engraçado no primeiros capítulos, engraçado mesmo, MAS, lá pro meio você começa a se encher. É como andar na companhia de um/a amigo/a bonito/a burro/a. As piadas ficam meio repetitivas e algumas coisas soam meio absurdas (por exemplo, não haver referência a Napoleão Bonaparte). E isso me irritou bastante na terceira parte do livro “O Podcast.
Ah, detalhe, o livro é dividido em três partes: O Diário Híbrido, O Blog, O Podcast. Cada um deles tem uma trama principal envolvendo o protagonista e o resto do mundo. O mais legal são as descobertas do protagonista perante este problema, algo como “House” quando algo externo e totalmente alienígena é uma referência a doença tratada. Naõ sei se ficou claro…
De resto, eu li os “Dias da Peste” em dois dias (chegando atrasado ao serviço por ficar lendo até tarde) e você também não vai demorar muito para terminá-lo.


Fica a dica: Dias da Peste, da Tarja Editorial. Preço Aproximado: R$28,80.

2 comentários:

  1. José, muito obrigado pela generosa resenha. Valeu também pelo comentário quanto as notas - devidamente anotado para o futuro (e provável) segundo volume.

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  2. Ah, eu já falei que vai MESMO haver um segundo volume? Estou terminando de escrever... ;-)

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