A vida é uma peça de um único ato.
Atores vivos vão morrendo aos poucos, sem ter chance de ensaiar.
O cenário brilhante vai escurecendo, sem ter coxia pra se esconder.
Não dá pra ficar muito tempo em cena. Não dá pra refazer, palavras que vão não podem retornar. São palavras ditas, grifadas no caderno livro do destino e que não podem, jamais, ser apagadas. Elas ficam lá, olhando pro enunciador, procurando um enunciado.
Só que elas se explicam. Só que elas estão no roteiro, com marcações específicas, de momentos exatos, onde, há uma semana atrás, não estavam.
Elas são assim porque a vida é o ato único duma peça sem ensaio.
Elas são assim porque os mortos, metidos a atores vivos, não se dão ao trabalho de ler.
Elas são assim porque são palavras.
E palavras, vivas, morrem.
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